Se Roma e Pavia não se fizeram num dia, uma relação amorosa não pode ser fabricada de um momento para o outro. Podem existir factores indutores a um possível estado amoroso como atracção, tesão e entendimento, cumplicidade e prazer, até pode haver alguma paixão logo ali, nos primeiros instantes, mas o amor é outra coisa. O amor guarda os seus segredos, é como uma semente; mesmo nascendo de um dia para o outro, esteve escondida debaixo da terra durante semanas ou meses, porque esteve a germinar. E germinar é bom.
Não há volta a dar; as relações que germinam, que fermentam, que começam tímidas e se vão projectando no tempo e no espaço ao sabor das estações podem dar frondosas árvores das quais se colherão belos frutos. São o oposto das relações pudim instantâneo, cuja regra básica se resume ao clássico basta juntar água. Ora não é preciso ter lido os deliciosos livros do grande mestre Chakall para saber que nada se faz bem feito só juntando água, nem mesmo uma limonada. É preciso saber descascar, pelar, cozer, estufar, saltear, reservar, bater, misturar, dispor, envolver, levar ao forno, pôr a ferver em lume forte, brando ou banho-maria, polvilhar, barrar e enfeitar para se fazer uma coisa bem feita.
OS ESPECIALISTAS neste tipo de relações são aqueles tipos que ao segundo encontro dizem que nós somos a mulher da vida deles. E quando nos acompanham á H&M para comprarmos um presente para a nossa amiga, ficam a vaguear com ar sonhador na secção dos recém-nascidos, assumindo comportamentos prematuros. Geralmente são homens muito carentes que saíram das saias da mamã directamente para o casamento sem nunca terem vivido sozinhos.
O ‘HOMEM PUDIM’ é mais comum do que se pensa, ele está em toda a parte, existe em todas as faixas etárias e atravessa qualquer classe social. Pode viver no campo ou na cidade, em Vilar Formoso ou em Nova Iorque, pode ter qualquer credo ou religião, pode ser inteligente ou burro. O que é certo é que eles andam aí. Felizmente, quase todas as mulheres têm uma espécie de alarme que desata a apitar assim que um homem desta espécie/raça se aproxima. É verdade que nem sempre os nossos radares funcionam para os malandros, mas, acreditem, para estes estafermos funcionam sempre. O homem pudim tem cara de cão perdido e olha para nós como quem diz: «Leva-me para casa». Para o homem pudim, nós somos sempre perfeitas, ao mesmo tempo que diz cobras e lagartos da ex-namorada. O homem pudim quer desesperadamente ter filhos se ainda não os tem, e é obcecado por eles se já os fez. Ele faz o pino se for preciso agradar à nossa mãe: é capaz de se desviar do caminho entre Porto e Lisboa só para ir comprar fios de ovos a Aveiro.
Ele sonha com anéis de casamento logo depois do primeiro fim de semana de romance. Ainda nós estamos no A, já ele deu a volta ao abecedário. Ora, tudo isto se torna não só maçador, como se revela muito perigoso. A grande vantagem é que esta subespécie, assim como vem com toda a força, também se vai com o vento, atrás de uma borboleta qualquer que lhe dê sinais de sofrer do mesmo tipo de demência.
Será que isto também faz parte do chamado ‘efeito borboleta’? I wonder I wonder.
Gostei imenso como caracterizaste "O Homem Pudim", é bem verdade o que dizes-te. beijinho:)
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