Tudo bons rapazes

Uma das grandes diferenças entre o mundo masculino e o feminino reside no conceito de continuidade. Enquanto os homens funcionam por partes, etapas, momentos e objectivos, as mulheres precisam de continuidade. É o instinto de procriação a falar mais alto. O macho avança, faz o que tem a fazer e depois vai à vida dele. A fêmea precisa de tempo para a gestação, para o parto e depois para cuidar das suas crias durante os primeiros anos de vida. E é por estas e por outras que nós, as mulheres, gostamos é de bons rapazes.



Os bons rapazes não são apenas o oposto dos maus rapazes; são seres encantadores, dotados de um coração de ouro. Têm bom feitio e boa onda, para eles está sempre tudo bem, ou quase. Os bons rapazes não fazem ondas por assuntos sem importância; se estão chateados pegam na prancha e vão para a praia apanhar as suas próprias ondas. Não dormem com outras mulheres porque nem sequer lhes passa pela cabeça olhar para o lado. E como não olham para o lado, também não perdem tempo em manobras de sedução paralelas, ao contrário dos caçadores furtivos que não conseguem estar quietos, mesmo quando têm um envolvimento sério com uma mulher.
Um bom rapaz é como um diamante de primeira água: por mais voltas que se dê, não se lhe descobrem impurezas. Gostam da sua cara metade sem reservas e não têm reservas em mostrar o seu afecto: andam de mão dada na rua, dormem em concha de noite, põem a mesa e penduram a roupa, ajudam ao deitar os miúdos, são aquilo a que os anglo-saxónicos chamam com grande sabedoria husband material.

Ora para um homem ser husband material, ele precisa de duas coisas: a primeira é saber e a segunda é querer. Os filhos aprendem instintivamente com os pais, ou, na ausência destes, com mães esclarecidas que investem algum tempo ao explicar-lhes como se deve tratar uma mulher. Mas depois, é preciso que a rapaziada perceba quais as vantagens inerentes a ser um bom rapaz, uma vez que na cultura latina o malandro inveterado é sempre visto como um herói por ser ele a levar os melhores troféus na idade das matinées em discotecas para a faixa etária sub-18.

Se é verdade que quando somos miúdas os malandros exercem sobre nós uma atracção quase fatal, também é certo e seguro que estes envelhecem quase sempre mal e sem graça. 

A vida ensina-nos que aqueles que servem para a categoria Adrenalina/Desporto Radical, não possuem currículo para se tornarem bons maridos. E os bons maridos são, antes de mais, bons rapazes.
 
Sem matéria prima, nada feito. Há poucos, é verdade, mas vale a pena encarar a vida com generosidade e optimismo, porque eles andam por aí.

1 comentário

  1. Que os bons rapazes andam por aí lá isso andam. Mas onde? :p

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