Pozinhos de perlimpimpim

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Citando a sábia Sissi no livro Cenas de Gaja a propósito da arte do sexo: «Nunca, por nunca ser, se esqueçam que as mulheres só fingem orgasmos porque os homens fingem os preliminares», apeteceu-me, entre o humor e o sarcasmo, tocar este tema, que tem tanto de interessante como de delicado.

Para as mulheres, os preliminares são a Terra Prometida, o Céu na Terra, o Nirvana, tudo o que uma mulher deseja. Ou, pelo menos, grande parte. Há até quem goste mais da fase preliminar do que do propriamente dito.

Um estudo recente junto da população portuguesa revela que 34% das mulheres sofre de dores durante o acto, o que me leva a pensar que, pelo menos para essas, os ‘pozinhos de
perlimpimpim’ são bem mais apelativos do que a estocada final, também denominada ‘morte do touro’. Infelizmente, a Sissi tem razão.
Muitas mulheres caem na asneira de fingir o orgasmo, da mesma forma que muitos homens cometem a imprudência de fingir que gostam de brincar aos
preliminares. Se mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, também é verdade que mais depressa se apanha um forçado do que um esforçado e se distingue um amador de um federado.

Convém separar as águas e nunca baixar o nível de franqueza nestas situações, mesmo que tal revele alguma fraqueza. É evidente que os homens não são obrigados a praticar a modalidade, se não gostam.
O que acontece, como em muitas outras coisas na vida, é que não gostam porque não sabem. E não sabem, porque ninguém lhes ensinou. Ou porque lhes meteram na cabeça quando
eram miúdos que tal era um nojo, pecado, ou seja lá o que for. E é assim que a Terra Prometida para elas é o Cabo das Tormentas para eles, como se o caminho a percorrer fosse perigoso e povoado
de monstros.

Respeitando os mais elementares princípios da paridade, gostaria de perguntar a tais cavalheiros se também aceitam de bom grado que a sua consorte – neste caso sem sorte nenhuma – também salte a parte dos preliminares que, quase por jurisprudência lhe compete. Já estou a ver sobrolhos levantados expressando a mais profunda indignação, como quem diz ah, mas isso é diferente. Não é. É igual.

O sexo oral é uma arte, há quem goste, há quem não goste e há quem, não gostando, consiga intuir que pode ser bom e decida aprender a gostar. Quem não sabe é como quem não vê e está-se mesmo a ver que todos ficam a ganhar com os ‘pozinhos de perlimpimpim’.


Fazer sexo com qualidade não requer a mesma atenção e aplicação necessárias para assistir a uma novela da TVI. Não é um acto passivo, é um momento de entrega. Caso contrário, mais vale ir à marisqueira preferida e pedir uma dose de ostras. Sempre serve como treino.

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