A invenção do GPS trouxe mais harmonia a uma vida a dois. Agora, em vez de mapas ilegíveis e de tentativas frustradas de adivinhar rotas, os homens ligam o aparelhómetro mágico e uma voz, geralmente feminina, vai indicando o melhor percurso. Os homens deliram, primeiro porque se trata de um brinquedo tecnológico sofisticado, e depois porque já não têm de passar pelo vexame de abrir a janela e perguntar a quem passa se o destino desejado é ou não por ali.
Nunca percebi porque é que os homens são tão relutantes em perguntar por onde é o caminho, da mesma forma que eles não devem conseguir entender porque é que embirramos com o GPS. É que nós, as mulheres, não gostamos de gadjets, gostamos de vestidos, de sapatos e de carteiras. Os homens divertem-se com o futebol e com corridas de automóveis, e nós com idas às compras e séries da Fox.
PARA eles, a fantasia é imediata e explícita, para nós, vem embrulhada em personagens como Mc Dreamy. Nós achamos o James Bond um grande cliché, enquanto eles acreditam que é o herói perfeito e sonham em ser como ele, em conduzir os mesmos carros, em viver as mesmas aventuras, em possuir as mesmas mulheres e, já agora, os mesmos gadjets.
Num mundo ideal, também existiria um GPS para os desentendimentos e discussões entre um casal. Porém, o que geralmente acontece é que um dos membros consegue dar a volta ao outro, ou ao assunto, ou aos dois, elas com perícia e habilidade, eles com paciência ou com prepotência.
Por outro lado, se existisse um sistema de GPS para orientar as discussões, com o tempo perderíamos a capacidade de encontrar os caminhos possíveis que conduzem ao entendimento tão desejado. Embora nem sempre se chegue a bom porto, uma discussão pode ser saudável se conseguirmos alargar o nosso grau de empatia no sentido de perceber o que é que o outro quer, o que é que é de facto importante para ele, e vice-versa.
Felizmente, há homens muito mais flexíveis e empáticos do que outros.
Um homem que não nos consegue ouvir é como uma parede de uma prisão: mais tarde ou mais cedo, só pensamos como a trepar para fugir. Já um homem que nos ouve e faz o esforço de nos entender, merece que façamos o mesmo por ele. Ainda que por vezes seja preciso dar três voltas à rotunda até escolher a melhor saída, o que ele nos diz pode ser a seta que indica o melhor caminho, mesmo que não nos pareça o mais evidente.
O importante é saber ouvir, fazer-se ouvir e deixar para a menina do GPS a orientação para outras rotas e os outros destinos.
Gostei muito do texto...
ResponderEliminarConcordo absolutamente!
xoxo
Lux
Adorei este texto, principalmente quando comparas um homem que não ouve com a parede de uma prisão. Nunca tinha pensado nessa prespectiva e não poderia concordar mais. :b
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