Outra vez, amor..

Cá estou eu de volta ao meu tema preferido,
para lá do sexo e do prazer, para lá da vida e da morte: o amor.


O amor precisa de tempo e de dinheiro, precisa que as vantagens suplantem os inconvenientes, precisa de medir os prós e os contras, faz contas à vida e às vezes também se arrepende. Ninguém vive do ar, ninguém vive só para amar, ninguém é tão generoso que não cobre nada ao outro, ninguém é tão altruísta – ou masoquista – que aceite um amor descompensado em que o outro só dê chatices e preocupações. A velha história do amor incondicional já atirou para a sarjeta muitas relações por excesso de zelo de uma das partes. Hoje olho para a realidade com outros olhos, e sem perder o romantismo, vejo uma ideia mais construída do que é o amor.

O amor dá trabalho.
O amor exige dedicação e concentração. O amor é feito de escolhas, de cedências e de pequenos gestos todos os dias. Se ficar doente, prefiro que o meu amor me vá comprar vitamina C e aspirinas do que se perca em floristas. Se estou cansada, prefiro que vá ao supermercado por mim em vez de me escrever declarações de amor. E se estou triste, prefiro que me oiça do que me cale a boca a dizer que me ama.
O verdadeiro amor, aquele que é feito no terreno, tem de ser resistente à vida, à realidade, às pequenas contrariedades e aos grandes problemas, ou então não é bem amor. Até pode ser um amorzinho querido, mas não tem aquela força, aquela garra, aquela alquimia que faz com que o amor vença e prevaleça.
Não basta vontade, é preciso disciplina. E já agora, muito riso e algum siso; juntos, operam milagres.

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